Rembrandt pinta esta tela em 1655. Nπo Θ primeira vez que o artista trata deste motivo. Com anterioridade ele havia pintado tambΘm uma rΩs aberta, cujo cenßrio era igualmente confuso. Pode ser um estßbulo, uma despensa ou um pßtio. TambΘm aparece uma mulher. Nesta versπo, ela nπo estß limpando a poτa de sangue, fruto da matanτa. Ela aparece detrßs da porta, contemplando o que sobrou do animal, cuja cabeτa cortada desapareceu. No outro quadro, encontrava-se em primeiro plano, em alusπo ao sacrifφcio imediato.
A composiτπo sofreu uma transformaτπo substancial. Nπo existe aτπo alguma. A carne, a gordura e os ossos do boi sπo os verdadeiros protagonistas. Nπo existe uma segunda leitura de tipo moral ou religioso. O autor se concentra na captaτπo de uma realidade cuja crueza e verismo lhe afastam da estΘtica imperante na Θpoca.
O Museu do Louvre adquiriu esta obra em 1857, pela escassa soma de cinco mil francos: o ambiente acadΩmico do sΘculo XIX achava esta representaτπo de mal gosto. A crφtica atual considera notßvel este trabalho pela modernidade da concepτπo.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
A estrutura de composiτπo da tela estß concebida em funτπo do elemento protagonista. O que resta da rΩs aparece em primeiro plano, sobre o espaτo central do quadro. A peτa de carne destaca-se em relaτπo a um fundo escuro e impreciso. Deste emerge a figura de uma mulher, que aparece detrßs de uma porta. A tΘcnica do claro-escuro determina absolutamente toda a composiτπo. O artista nπo recorre ß perspectiva geomΘtrica para criar sensaτπo de espaτo. Tampouco emprega um traτado lineal e preciso. Ele prescindiu totalmente do desenho na hora de captar a realidade. Uma iluminaτπo seletiva e controlada incide no animal sacrificado e no espaτo α sua volta. A escuridπo predominante contribui para dar sensaτπo de uma atmosfera que isola o motivo em si mesmo. Nπo se precisa das leis da matemßtica para conseguir profundidade. O jogo de luzes e sombras se encarregam disso.
Uma pincelada grossa e empastada define as diferentes partes do boi. Seu tratamento se afasta dos ditados acadΩmicos, no qual o desenho ocupa um papel essencial. A gama de vermelhos e marrons Θ matizada com os amarelos e cinzas de uma luz artificial e expressiva.
INTERPRETA╟├O
Esta obra constitui uma das mais pessoais do artista holandΩs. Um Rembrandt jß maduro executa este revolucionßrio e impressionante quadro. A realidade em suas diferentes manifestaτ⌡es Θ uma das constantes fundamentais do pintor, coisa que se acentua no final da sua carreira.
Nπo se estß captando aqui uma aτπo cheia de tensπo dramßtica. Na realidade, nπo hß aτπo alguma. A moτa que aparece no fundo s≤ contribui para criar uma sensaτπo de profundidade espacial. ╔ uma espectadora a mais. A atenτπo centra-se nos restos do animal. A rΩs adquire qualidade de objeto, e Θ suscetφvel de ser representada na medida em que faz parte da realidade. O mestre nπo realiza julgamento nenhum, tampouco concede α imagem uma segunda leitura. Esmera-se na crua representaτπo, resultando excepcionais a dureza da pincelada e do motivo em si mesmo. Ambas as circunstΓncias lhe proporcionaram fortes crφticas por parte de seus contemporΓneos. No sΘculo XIX, Delacroix e Daumier reabilitam a obra. O primeiro realizou uma rΘplica da mesma, enquanto que o segundo comeτa uma sΘrie dedicada a cenas de matanτa.
